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A imagem muda, mas a história continua!

Há uma delicadeza silenciosa, quase invisível, que só floresce entre aqueles que passam por perdas semelhantes. É um tipo de cuidado que não precisa de muitas palavras — um olhar que compreende, um atitudes simples para quem não sabe, mas profundas em acolhimento, uma presença que respeita os silêncios e gestos que carregam mais do que compreensão: respeito!

Para além do cuidado ao ser humano, prezamos muito a memória, a história e o amor que seres humanos sentem por outros.

Fernanda Fontoura foi uma das mães enlutadas que respondeu a um chamado na nossa página do Facebook, em 2015, para um projeto inédito no mundo: uma exposição sobre o luto materno, retratando que mães enlutadas são muito mais e além de sofrimento, perda, dor, cemitérios e velas: são amor materno sem ter para onde ir.

Em uma tarde menos de 10 mães vieram, entre elas, Fernanda. Após uns minutos de conversa, ela foi com a Daniela Battastini – a DaniBat – para fazer suas fotos. Entre objetos que representavam sua maternidade e a memória de Sofia, sua bebê que faleceu recém-nascida, Fernanda escolheu uma boneca.

Ao voltar, enquanto olhava as fotografias para escolher as que mais gostava, ela nos contou como se sentiu:

– Imaginei que a boneca era a Sofia e me despedi fisicamente dela ali, naquele momento, como não consegui no dia. Me doeu tanto, mas ao mesmo tempo, me trouxe um certo conforto imaginar que consegui me despedir e ela sentir todo meu amor.

Assim como a Cláudia, a D. Rosane, a Bruna, a minha mãe e eu, Fernanda esteve presente no lançamento da exposição no Shopping Gravataí. Participou de outros eventos onde a exposição estava, sempre muito orgulhosa de suas fotos por representar o amor por sua amada Sofia, compartilhando a história de ambas.

Há alguns anos, recebemos a notícia de que Fernanda faleceu.

Em contato com seu esposo, que nos deu a triste notícia, oferecemos uma cópia das fotografias de Fernanda, as da exposição. Ele nos agradeceu, emocionado, e nos disse para continuarmos utilizando as fotografias dela, compartilhando conosco o quanto foi importante para ela participar.

Desde então, o legado de Fernanda foi mantido em sua memória através de seu amor por Sofia e de seu esposo por elas: continuar tocando corações e trazendo através de sua imagem e do amor por Sofia, conscientização sobre o luto parental para quem não viveu a experiência e identificação par quem vive, tanto quem visitou a exposição em tantos locais, quanto quem acessa nossos conteúdos nas redes sociais.

Mas em julho deste ano – 2025 – nos demos conta de que o filho mais velho da Fernanda, irmão de Sofia, que na época era uma criança, deve estar adolescente. Pensamos nele, na família e no que significa para ele ver uma foto da sua mãe em um outdoor ou em uma mídia externa, em um momento de extrema vulnerabilidade.

Em vida, ela autorizou o uso dessas fotos, gesto reafirmado por seu esposo após sua morte, com plena consciência do que essa participação representou para ela. Mas esta não é apenas uma questão de direitos: é uma decisão baseada em cuidado, delicadeza e respeito.

Por isso, decidimos substituir a imagem de Fernanda nas redes sociais e em nossos materiais por uma recriação em inteligência artificial.

Essa escolha não apaga nada.

A energia que Fernanda dedicou permanece, assim como a sensibilidade da Danibat , a fotógrafa que esteve conosco e deu forma a uma realidade que muitos preferem não olhar em uma época em que não havia causa do luto parental e nenhum trabalho nesse sentido no mundo.

As imagens originais da Fernanda, seguem protegidas com a gente com seus direitos e créditos preservados.

A imagem muda, mas a história continua!

Fernanda e Sofia seguem presentes, lembrando que falar sobre a morte também é falar sobre vida e sobre amor.

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