Nesses mais de 13 anos oferecendo apoio e suporte para pais enlutados, muito ouvimos e lemos sobre como lidar com o luto parental, luto perinatal, com o luto, destinado aos profissionais da saúde.
Sempre temos grandes e profundos diálogos, a Flávia e eu principalmente, de onde temos insights como o luto parental como causa social, a construção e distribuição da cartilha de orientações – o 1º material exclusivo sobre luto parental pensando nos pais e no protagonismo deles nesse processo (me incluo aqui), que o luto parental atravessa todos os lugares onde os pais enlutados estão.
E em uma dessas conversas, vendo o livro que “ensina como lidar com o luto” ao nosso lado, começamos esse diálogo profundo sobre a rede de suporte, de apoio, sobre a sociedade e sobre como o luto não é no momento da perda nas instituições de saúde, que perpassa as paredes dos hospitais e os muros dos cemitérios e que não tem como os profissionais ou a sociedade lidar com o luto.
Quem lida, realmente, com o luto parental, são os pais.
Ninguém mais!
Cada pessoa em seu lugar, tem um papel de cuidado e acolhimento ao luto, mas não lidam com o luto propriamente dito daqueles pais.
Profissionais, por exemplo, lidam com a perda no momento em que ela ocorre, e tudo o que decorre dela na prática hospitalar, como cuidados com a mãe que está na maternidade ou CO; cuidam do corpo do filho; comunicam a morte.
Psicólogos são acompanhantes técnicos, compassivos, que tem sensibilidade e conhecimento para cuidar e orientar os pais durante o processo, mas seu papel não é de solucionador. Estes profissionais estão preparados para oferecer opções de cuidado, ser suporte ao processo, mas não podem tomar o protagonismo dos pais.
Todos lidam com a PESSOA enlutada, pai ou mãe, ou ambos como no caso da família.
Mas quem lida REALMENTE com o luto parental são os pais. Nem mesmo os cônjuges lidam um com o luto do outro.
O luto é um processo individual, interno, biopsicossocial, único, pessoal e intransferível em que o enlutado precisa ser ativo!
Os profissionais (psicólogos, terapeutas, psiquiatras) e a rede social (familiares e amigos) são a rede de apoio, suporte, acolhimento e auxílio na elaboração desse processo.
Essas pessoas não “lidam” com o luto parental, mas com o próprio diante da perda e fornecem as ferramentas e o ambiente seguro para que os pais enlutados possam lidar com a perda e seu próprio processo de forma saudável.
Você já havia pensado sobre isso?






