Eu sou irmã de uma filha que morreu!
Eu, Tatiana, fundadora e presidente da Amada Helena, vivi o luto antes mesmo de compreender o que significava perder alguém.
Minha irmã Rosane tinha 21 anos quando faleceu em um acidente de carro. Eu tinha apenas 10. Cresci com a imagem de uma irmã idealizada — uma lembrança envolta em saudade, culpa e silêncio. Meus pais, devastados, ficaram emocionalmente ausentes. Não por escolha, mas por falta de rede de apoio, escuta, acolhimento e informação.
Uma década depois, quase perdemos nossa mãe também, para a depressão.
Carreguei feridas profundas durante toda a minha vida, feridas invisíveis que moldaram minha trajetória emocional. Hoje, aos 45 anos, ainda estou em processo de cura.
Em 2012, perdi minha filha Helena. Naquele momento, a dor que eu conhecia apenas como irmã enlutada ganhou uma nova dimensão: tornei-me mãe enlutada.
Pela primeira vez compreendi, com o corpo e a alma, o que meus pais viveram — e continuam vivendo.
Um ano depois, engravidei do Helano. Mas eu estava quebrada. Não sabia como estar presente para ele, quando nem conseguia estar presente em mim.
Apesar de todo o esforço, meu filho também carrega marcas que levará uma vida para compreender e, quem sabe, ressignificar.
O luto não termina com o enterro, vai muito além, te acompanha por toda a vida.
E precisa ser reconhecido nos olhos de todos que ficam — inclusive os irmãos.
📊 Estudos internacionais, como os de Packman et al. (2006) e Fanos (1996), apontam que:
42% dos irmãos que vivenciaram a perda de um irmão relatam mudanças profundas no comportamento dos pais após a perda.
35% dizem que não foram ouvidos em seu próprio processo de luto.
Apenas 4% receberam acompanhamento psicológico logo após a perda.
Foi por isso que, na amada Helena, criamos estratégias de acolhimento integradas, que olham para todos os membros da família — inclusive os irmãos, muitas vezes esquecidos no luto parental.
Porque cuidar do luto é também cuidar das gerações futuras.
Essa é uma reflexão que precisa alcançar famílias, escolas, profissionais da saúde e da assistência, e inspirar políticas públicas de cuidado intergeracional.
Se você deseja conhecer mais sobre nosso trabalho ou colaborar com nossos projetos, estamos de portas abertas.
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